Perdi a noção do tempo naquela manhã quente de julho, quando me encostei no cabo da minha enxada e deixei a imaginação voar com projetos mais emocionantes do que cavar milho. Então, de repente, vi meu avó - até então meu modelo de bondade e compaixão - atravessando o campo, caminhando rapidamente entre os regos e sacudindo uma longa e agourenta vara. Estou frito, pensei, ao me dar conta que tinha ultrapassado o limite da sua paciência. Comecei a cavar o milho o mais rápido que os meus braços de 11 anos conseguiam, sem ousar olhar para cima, enquanto escutava seus passos na terra cavada e as plantas roçando em suas pernas. Assustado com a realidade do que estava prestes a acontecer, lembrei quando ele me disse “Jesus às vezes chorava, mas quando precisava Ele sabia ser durão.” Meu avó ia ser durão comigo, pela primeira vez na minha vida. Eu ia completar 11 anos naquele verão, e o auge da Grande Depressão ainda se fazia sentir no Tennessee. A maioria das pessoas dependia principalmente dos alimentos que cultivava e do gado que criava nas suas pequenas fazendas. Naquela manhã, eu estava cavando o campo das espigas de milho para que meu avó pudesse terminar de arar. “Não o deixe ficar enrolando”, disse meu pai para o meu avó. “Se for preciso, sacuda a poeira dele. Não o deixe só ficar brincando e encostado no cabo da enxada. Ele tem tido umas crises de preguiça ultimamente.” Meu pai tinha receio que meu avó fosse leniente demais comigo. Eu o tinha ouvido dizer para minha mãe: “Meu pai às vezes é mole demais e se prejudica com isso.” Um dos momentos mais felizes da minha jovem vida, fora no verão passado, quando escutei meu avó dizer para um pregador que estava de passagem que eu talvez viesse a ser o seu neto mais proeminente, porque “me interessava pelas coisas da mente”. Mas as “coisas da mente” tinham tomado conta de mim naquela manhã. Encostado no cabo da enxada, só enxotando de vez em quando as abelhas e os besouros, meus pensamentos estavam no riacho onde planejava construir uma represa no ponto mais estreito. Queria fazer uma barragem de barro, folhas e pedras, e depois fazer barcos com tampas de baldes e caixas de cigarros vazias e formar uma frota no mar alto. Absorto no meu projeto de engenharia, nem reparei que o vovó não estava mais gritando “eia” para a mula no campo onde se encontrava. Depois o vi caminhando rapidamente na minha direção entre dois regos de milho com aquela vara na mão, e comecei a cavar. “Espere aí, filho,” disse ele mansamente. “Preciso fazer uma coisa. Como está a sua enxada esta manhã?” “Está ótima, vovó.” “Acho que não, meu filho. Deixe-me dar uma olhada nela.” Entreguei na mão dele a enxada de cabo curto que ele tinha feito especialmente para mim, e ele começou a falar com ela, segurando-a à distáncia de um braço. “Enxada, eu mandei você para aqui com o meu neto, para cavarem este milho. Você sabe que este milho precisa ser cavado. Sabe que vamos precisar de espigas para assar no outono - ele vai precisar de algumas para levar para o almoço, quando for para a escola. Mas você não quer cavar. Vou ter que dar uma apertada em você para você ajudar o meu neto. Então ele deu umas bordoadas no cabo da enxada até a vara quebrar. Quando jogou fora o resto da vara, me devolveu a enxada. “Acho que agora vai trabalhar melhor, filho.” “Vai trabalhar muito melhor, vovó,” reassegurei-o, e comecei a cavar as ervas com uma energia que nunca tinha percebido. “Acho que vai trabalhar otimamente bem.” Vovó então deu meia volta e foi embora. Alguns metros na frente, parou e virou-se, com seus grandes olhos azuis cheios de lágrimas. “Diga à sua mãe que hoje você vai comer conosco, por isso não se atrase. Sua avó está assando uma grande torta de pêssego e vai ficar brava se não estivermos à mesa na hora.” - Ernest Shubird, cortesia do Guideposts *****
O melhor jeito é com amor É isso que Deus tem, paciente e amorosamente, tentado nos ensinar o tempo todo: a fazer as coisas com a motivação certa, por amor. E, seguindo o exemplo de Deus, nós também deveríamos tentar persuadir os outros a fazer as coisas certas, por amor. Certamente, Deus tem que ter muita paciência e amor conosco, por isso deveríamos ter muita paciência e amor para com os outros!
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