Horace Edwards
Existe no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque, uma escola para crianças com dificuldade de aprendizagem, chamada Shush. Certas crianças passam toda a sua vida escolar ali, já outras são direcionadas a escolas convencionais. Durante um jantar beneficente para essa escola, um dos pais fez um discurso que se tornou indelével na memória dos presentes. Após elogiar a escola e sua dedicada equipe, ele clamou: “Onde está a perfeição no meu filho, Shaya? Tudo que Deus faz é perfeito, mas meu filho não consegue raciocinar como outras crianças. Ele não computa as informações como as outras crianças. Onde está a perfeição divina?” A platéia, chocada pela pergunta, solidária à angústia daquele pai e calada pensando na pungente indagação, ouviu então: — Eu acredito que quando Deus coloca uma criança como esta no mundo, a perfeição que Ele procura se encontra na reação das pessoas a este ser humano. Relatou então a seguinte história sobre o seu filho: “Uma tarde Shaya e o pai passaram por um parque onde alguns conhecidos da criança jogavam beisebol, e ele perguntou ao pai se achava que o deixariam participar. Apesar de saber que faltava ao filho a coordenação para esportes e que a maioria dos meninos não ia querê-lo no seu time, o pai também sabia que se o escolhessem o menino teria a satisfação de se sentir incluído. Aproximou-se então de um dos rapazinhos no campo e perguntou se Shaya podia jogar. Olhando ao redor procurando aprovação dos outros no time e não recebendo nenhuma, ele decidiu por conta própria: “Estamos perdendo por seis pontos e o jogo já está no oitavo turno. Ele pode entrar no nosso time e vamos colocá-lo para bater no nono turno. O pai não se continha de alegria e Shaya, abrindo um largo sorriso, vestiu a luva e foi para a parte central do campo. No final do oitavo turno o time de Shaya fez alguns pontos, mas mesmo assim ainda estava perdendo por três. No final do nono turno fez mais pontos, e agora, com dois outs, e as bases cheios de corredores que poderiam garantir os pontos da vitória, Shaya foi colocado para jogar na frente. Será que a esta altura dos acontecimentos o pessoal ia mesmo deixar o Shaya rebater e abrir mão da oportunidade de ganharem o jogo? Por incrível que pareça, o deixaram. Todos sabiam que era impossível, porque Shaya nem sabia segurar o taco direito, muito menos usá-lo para acertar na bola. No entanto, quando ele foi para o bloco do rebatedor, o arremessador se aproximou um pouco mais da base principal e jogou a bola bem de leve para Shaya conseguir pelo menos encostar o taco nela. Veio o primeiro arremesso. O garoto girou o taco desengonçadamente e errou. Um outro garoto do time foi então ajudá-lo a segurar o taco e encarou o arremessador, prontos para a próxima bola. O arremessador deu mais uns passos à frente e jogou a bola de leve para Shaya que então, com a ajuda do companheiro, bateu na bola que foi rente ao chão em direção ao arremessador, que a pegou e poderia facilmente tê-la jogado para a primeira base, eliminando Shaya e encerrando o jogo. Em vez disso, ele pegou a bola e a jogou bem alto para o lado oposto, formando um semicírculo e colocando-a fora do alcance da primeira base. Todos começaram então a gritar: — Shaya, corra para a primeira base! Corra! Ele nunca tivera a oportunidade de fazer isso e correu feito um doido, com os olhos arregalados e estupefato. Ao chegar à primeira base, o jogador do campo da direita já tinha pego a bola, e Shaya continuou correndo. Ele poderia ter passado a bola para a segunda base, que teria então eliminado Shaya mas, percebendo a intenção do colega de equipe, jogou a bola bem alto e fora do alcance do jogador na terceira base, enquanto todos gritavam: — Corra para a segunda base, corra! E lá foi Shaya correndo, enquanto os jogadores que iam adiante dele desconcertados foram fazendo o circuito em direção à base. Chegando à segunda base, o outro companheiro correu até ele, o virou na direção da terceira base e gritou: — Corra para terceira! Enquanto corria, os rapazinhos dos dois times iam atrás dele berrando: — Vá para a base principal, Shaya! E ele conseguiu! Quando pisou na base principal, os 18 meninos o levantaram e ovacionaram como a um herói. Shaya acabara de fazer um home run extraordinário e ajudara o time a ganhar. Naquele dia —, disse o pai ternamente com o rosto cheio de lágrimas — aqueles 18 meninos atingiram a perfeição divina.
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Abbie Blair foi assistente social nos anos 60. Em certa ocasião trabalhou num caso de adoção do qual nunca, jamais se esquecerâ. Deixemos a prôpria Abbie contar a histôria.
Lembro-me da primeira vez que vi Freddie. Sua mãe temporâria o levara à agência de adoção onde trabalho para que eu o conhecesse e ajudasse a encontrar pais adotivos para ele. Ele estava de pé no cercadinho e me deu um lindo sorriso mostrando os dentinhos. Que neném mais lindo, pensei. Sua mãe temporâria o pegou no colo. — Você acha que pode encontrar pais adotivos para o Freddie? Foi então que percebi — Freddie havia nascido sem braços. — Ele é muito esperto. Sô tem dez meses e jâ anda e fala. — Ela o beijou. “Diz ‘âgua’ para a tia Abbie”. Freddie sorriu para mim e escondeu a cabeça nos ombros de sua mãe. “Ai, Freddie, não faça isso.” Ela lhe disse e me explicou que ele era muito dado, um menininho muito bonzinho — um amor! Freddie me lembrava o meu filho quando tinha aquela idade — com os mesmos cachos escuros e olhos castanhos. — A senhora não vai se esquecer dele, né? Vai fazer todo o possível? — Não vou me esquecer. Subi e peguei a minha lista mais recente de crianças com dificuldade de adoção. “Freddie tem dez meses, é caucasiano, descendente de ingleses e franceses protestantes. Tem olhos castanhos, cabelo castanho escuro e pele bem clara. Nasceu sem braços, mas fora isso goza de boa saúde. Sua mãe temporâria acha que ele demonstra sinais de uma inteligência superior, e com aquela idade jâ anda e diz algumas palavras. Freddie é uma criança amorosa e afetuosa, entregue por sua mãe biolôgica e pronto para adoção.” Ele estâ pronto, pensei. Mas quem estarâ pronto para ele? Era dez em ponto de uma linda manhã de verão, e a agência estava cheia de casais — casais fazendo entrevistas, outros conhecendo os bebês — famílias se formando ali. Esses casais quase sempre tinham o mesmo sonho: queriam uma criança o mais parecido consigo, o mais jovem possível e, o mais importante, sem problemas de saúde. “Se ele desenvolver um problema depois de o adotarmos,” diziam, “serâ um risco que teremos que correr, como acontece com quaisquer outros pais. Mas pegar um neném que jâ tem um problema, aí é demais”. E quem somos nôs para julgar essa atitude? Eu não era a única procurando pais para Freddie. Todas as assistentes que entrevistavam um novo casal começavam com a esperança de que talvez aqueles poderiam ser os pais para ele. Mas o verão passou e veio o outono, e Freddie ainda estava conosco quando completou um ano de vida. — Freddie tâ um meninãããoo — disse Freddie, rindo. — Meninããoo. Foi então que os encontrei. Tudo começou como de costume; um registro impessoal na minha caixa, um novo caso, um novo “Estudo de Lar”, duas pessoas que queriam um filho. Eles se chamavam Frances e Edwin Pearson. Ela tinha 41 anos e ele 45. Ela era dona de casa, e ele motorista de caminhão. Fui visitâ-los. Moravam numa casinha branca de madeira com um quintal enorme e ensolarado cheio de ârvores antigas. Eles me receberam juntos à porta, ansiosos e mortos de medo. A Sra. Pearson trouxe um café fresquinho e biscoitos ainda quentes. Acomodaram-me no sofâ, e sentaram-se juntos de mãos dadas para me ouvir. Depois de um instante a Sra. Pearson começou: — Hoje é nosso aniversârio de casamento. Dezoito anos. — Bons anos. — Disse o Sr. Pearson olhando para a esposa. Fora… — É —, explicou ela. Fora… Fica sempre faltando alguma coisa. E, olhando ao seu redor para a sala que estava um brinco, comentou: — É tudo arrumadinho demais. Entende? Pensei na minha sala de estar com os meus três filhos, agora adolescentes. — Entendo com certeza. — Serâ que somos velhos demais? Sorri e lhes garanti que não achava que fossem. — Nem nôs nos consideramos velhos. Sempre pensamos que ‘é este mês, e então, mês que vem’. — Explicou a esposa. Jâ fizemos exames, tratamentos, todo tipo de coisas, vezes sem conta. Mas nunca acontece nada. Sô continuamos na esperança e o tempo vai passando. — Jâ tentamos adotar. Uma agência nos disse que nosso apartamento era muito pequeno, então adquirimos esta casa. Depois outra agência nos disse que o meu salârio não era adequado. Então desistimos, mas um amigo nos falou de você, e decidimos tentar uma última vez. — Fico feliz por essa tentativa. A Sra. Pearson então olhou para o marido com orgulho. — Serâ que podemos escolher? — perguntou. — Um menino para o meu marido? — Vamos tentar encontrar um menino para vocês. Que tipo de menino vocês têm em mente? O Sr. Pearson riu. — Quantos tipos existem? Basta ser um menino. O meu marido é um atleta nato. Jogou futebol americano na escola, e basquete também, e fazia atletismo. Ele seria um bom pai para um menino. O Sr. Pearson olhou para mim. — Sei que não pode nos dizer exatamente, mas a senhora poderia nos dar uma idéia de quando conseguiríamos um menino? Temos esperado por tanto tempo! Hesitei. Sempre ouvimos essa pergunta. — Talvez no verão que vêm? — Perguntou a Sra. Pearson. Poderíamos levâ-lo à praia. — Tanto tempo assim? – indagou o marido. A senhora não tem nenhuma criança? Deve haver um menino em algum lugar. — É claro — fez uma pausa — que não podemos dar-lhe tanto como outras pessoas. Não temos muito dinheiro na poupança. — Mas temos muito amor — completou a esposa. Temos muito amor guardado. — Olha — eu disse com muito tato — tenho um menino de 13 meses. — Ah, que idade mais adorâvel. — Comentou a Sra. Pearson. Informando-os de que tinha uma foto dele, tirei-a da bolsa e dei-lhes a foto de Freddie. — É um menininho maravilhoso — eu disse. Mas nasceu sem braços. Eles estudaram a foto em silêncio. Ele olhou para ela e pediu sua opinião. — Futebol! Você pode ensinar-lhe a jogar futebol. — Esporte não é a coisa mais importante. — Declarou o marido. Ele pode aprender a usar a cabeça. Ele pode se virar sem os braços, mas não sem inteligência. Pode fazer faculdade. Vamos juntar dinheiro para isso. — Um menino é um menino. — Insistiu a esposa. Ele vai precisar brincar. Você pode lhe ensinar. — Vou ensinar-lhe. Braços não é tudo na vida. Talvez possamos lhe conseguir algum tipo de braço. Eles se esqueceram totalmente de mim. Talvez o Sr. Pearson tivesse razão, pensei. Talvez Freddie pudesse vir a usar uma prôtese, jâ que tinha tocos no lugar onde deveriam estar os braços. — Gostariam de conhecê-lo pessoalmente? Eles tiraram então os olhos da foto. — Quando ele pode vir para câ? — Vocês têm interesse nele? Olhando para mim a Sra. Pearson declarou que não sô tinham “interesse”, e o marido afirmou que eles queriam o menininho. A Sra. Pearson voltou a olhar a foto. — Você tem esperado por nôs, não tem? — Ele se chama Freddie — expliquei. Mas podem lhe dar outro nome. — Não. — Disse o Sr. Pearson. Frederick Pearson é um nome bonito. E assim foi. Teve toda a parte burocrâtica, claro, e quando chegamos a marcar o dia da adoção, jâ se viam luzes de Natal por toda a cidade e guirlandas por todos os cantos. Encontrei o casal na sala de espera, ambos com um pouco de neve na roupa. — Seu filho jâ estâ aqui — anunciei. Vamos subir e eu o trarei até vocês. — Estou nervosa — explicou a futura mãe. E se ele não gostar da gente? Coloquei minha mão em seu braço e reiterei que ia pegâ-lo. A mãe temporâria de Freddie o havia vestido numa roupa branca nova com um bordadinho de azevinhos e cerejas vermelhas na gola. Seu cabelo brilhava — um monte de cachinhos escuros. — Vou pra casa. — disse Freddie para mim, sorrindo, quando sua mãe temporâria o colocou em meus braços mencionando que lhe explicara que ele ia para o seu novo lar. — Eu lhe disse isso. Disse que ia para sua nova casa”. Ela o beijou com os olhos cheios de lâgrimas. — Adeus, querido. Seja um bom menino. “Bom menino”, disse Freddie todo feliz. “Vou pra casa”. Eu o levei até a salinha onde o casal o esperava, o coloquei de pé e abri a porta. — Feliz Natal! — eu disse. Freddie ficou ali de pé um tanto incerto, se balançando um pouco, olhando atentamente para aquelas duas pessoas à sua frente. Eles tomaram um tempo observando. O Sr. Pearson se ajoelhou e disse: — Freddie vem câ. Venha com o papai. Freddie olhou para trâs, para mim, por um instante. Depois foi andando lentamente em direção ao casal. Eles estenderam os braços e o abraçaram. Todos queremos ser amados, ter o nosso cantinho, ser recebidos de braços abertos. Uma das grande dificuldade, claro, é que muito depende do quanto nos fazemos desejar. Se tivermos boa aparência, fizermos o que se espera de nôs, se satisfizermos as expectativas dos outros, se, se, se, então talvez nos amem. Mas existe um amor ímpar, o tipo de amor que nos ama como somos e que nos diz que não temos que ser bonitos. Não temos que dizer as coisas certas. Não temos que freqüentar os lugares certos. Não precisamos ter um monte de dinheiro nem influência. Pelo contrârio, podemos ser amados pelo que somos. Original article by Abbie Blair courtesy of Readers Digest Image courtesy of David Castillo Dominici at FreeDigitalPhotos.net Trecho do livro “O Professor Washington”, de Les Brown
Numa certa ocasião, quando cursava o segundo ano do segundo grau, entrei numa sala de aula para esperar um amigo. Quando cheguei lá, o professor, Sr. Washington, apareceu de repente e me pediu para escrever uma coisa no quadro, para resolver um problema. Eu lhe disse que não podia, e ele me perguntou por quê não. Expliquei-lhe então que eu não era aluno dele. Ele disse: —Não importa. Vá até o quadro assim mesmo. Mais uma vez disse que não podia, e ele inquiriu o motivo. Parei um pouco e respondi, um tanto constrangido: — Porque eu tenho um problema de retardamento mental. Ele afastou-se de sua mesa, olhou bem para mim e disse: — Nunca mais diga isso. A opinião das pessoas não tem que se tornar a sua realidade. Para mim aquilo foi uma liberação. Por um lado eu me sentia humilhado, porque os outros alunos riam de mim. Eles sabiam que eu estudava no curso para alunos com dificuldades de aprendizagem. Mas por outro senti-me liberto, porque ele começou a me mostrar que eu não precisava viver dentro do conceito que uma outra pessoa tinha de mim. Assim foi que o professor Washington tornou-se o meu mentor. Antes desta experiência, eu já fora reprovado duas vezes. Desde a quinta série fui considerado um retardado mental com possibilidade de receber educação escolar. Voltei à quarta série. Depois fui reprovado novamente na oitava série, de modo que o professor Washington, naquele momento, dera uma guinada na minha vida. Sempre digo que ele trabalha dentro da mentalidade de Goethe, que disse: “Olhe para uma pessoa do jeito que ela é e ela só piorará. Mas olhe para ela como se ela fosse o que poderia ser, e ela agirá no seu potencial máximo.” O professor Washington acreditava que “com pouca expectativa, ninguém cresce”. Ele sempre fazia os alunos sentirem que ele esperava muito deles, e nós nos esforçávamos — todos os alunos se esforçavam, para vivermos à altura de sua expectativa. Um dia, quando eu ainda estava na oitava série, ouvi um discurso que ele fez para a turma que estava concluindo o segundo grau. Ele disse: “Vocês possuem grandeza. Vocês possuem algo especial. Se apenas um de vocês conseguir ter uma visão maior de si mesmo, de quem realmente é, do que pode acrescentar ao planeta, uma visão do seu grau de importáncia, então, dentro do contexto histórico, o mundo nunca mais será o mesmo. Vocês podem ser motivo de orgulho para os seus pais e para a sua comunidade. Podem influenciar a vida de milhões de pessoas.” Ele estava falando para os jovens mais velhos, mas parecia que estava falando para mim. Lembro-me que naquele dia todos o aplaudiram de pé. Depois fui até o estacionamento e perguntei-lhe se ele se lembrava de mim, e expliquei-lhe que estava no auditório quando ele fez o discurso para os alunos do terceiro ano. Ele então quis saber o que eu estava fazendo lá, já que ainda estava na oitava série. Respondi-lhe que sabia disso, mas que “aquele discurso que o senhor fez… eu ouvi a sua voz no corredor. E aquele discurso, professor, foi para mim. O senhor disse que eles possuíam algo especial. Eu estava naquele auditório. O senhor acha que eu possuo algo especial?” Ele respondeu: — Com certeza, Sr. Brown. — Mas como o senhor explica o fato de eu ter sido reprovado em Inglês, Matemática e História e agora ainda ter que fazer recuperação nas férias? O que o senhor me diz disso? Eu sou lerdo em comparação aos outros jovens. Não sou tão inteligente como o meu irmão ou a minha irmã, que vão estudar na Universidade de Miami. — Isso não faz diferença nenhuma, disse ele. — Significa apenas que você vai ter que se esforçar mais. As suas notas não determinam quem você é ou o que pode realizar na vida. —Eu quero ter uma casa própria. —É possível, Sr. Brown. O senhor tem condições. — E dizendo isto virou-se e seguiu seu caminho. —Professor Washington! — Pois não? — Sabe, eu vou ser assim. Lembre-se de mim, não esqueça o meu nome, porque um dia vou ser famoso. O senhor vai sentir orgulho de mim. Vai mesmo, professor. Eu tinha muita dificuldade em aprender. Passava de ano porque me comportava bem. Eu era simpático e legal. Fazia as pessoas rirem. Eu era educado e respeitava os outros, então os professores me deixavam passar de ano, mas isso não me ajudava. O professor Washington, porém, exigia. Ele me fazia produzir, mas me dava forças para acreditar que eu tinha condições, que conseguiria alcançar a meta. No último ano do segundo grau ele se tornou meu professor, apesar de eu estar no curso para jovens com dificuldade de aprendizagem. Normalmente os alunos desse curso não têm aula de oratória e interpretação, mas eles abriram uma exceção para eu poder ter aula com o professor Washington. O diretor percebera o vínculo que havia entre eu e ele e como ele tivera um impacto na minha vida, porque eu comecei a me sair bem nos estudos. Pela primeira vez fui aprovado com honra ao mérito. Eu queria fazer uma excursão com os alunos de interpretação, e para isso era preciso estar no quadro de honra ao mérito, então para mim foi um milagre! O professor Washington reestruturou a percepção que eu tinha de mim mesmo. Deu-me uma visão mais ampla da minha pessoa, bem além do condicionamento mental que recebera e das circunstáncias que me cercavam. Anos mais tarde produzi cinco especiais que foram transmitidos pela TV. Pedi a alguns amigos meus para ligarem para ele quando o meu programa, que se chamava You Deserve (Você Merece) fosse passar na TV educativa em Miami. Eu estava sentado perto do telefone esperando, quando ele me ligou, em Detroit. — O Sr. Brown, por favor. — Quem deseja? — Você sabe “quem deseja”! —Ah, professor Washington, é o senhor. —Foi você quem fez aquele programa não foi? — Foi, professor, eu mesmo! Greg Lucas
( Comunidade dos Deficientes é uma comunidade online para pessoas deficientes ou com enfermidades) A tragédia de ter uma deficiência não é a deficiência em si, mas sim o isolamento que cria. Essa foi uma das lições mais importantes para a nossa família. Infelizmente, aprendemos da maneira difícil. Mas lições difíceis muitas vezes oferecem um insight bem maior, e nos últimos anos temos tido a maravilhosa oportunidade de adquirir muita sabedoria com diferentes famílias em diferentes comunidades. Ainda são muitas as descobertas a serem feitas ao longo desta jornada, mas colocamos aqui pelo menos 7 muito úteis que aprendemos com a comunidade de deficientes e que fez uma enorme diferença na nossa família. 1. Deus é soberano e bondoso. Quando você tem um filho extremamente deficiente, é essencial entender a soberania de Deus agindo na sua família. As Escrituras afirmam que o seu filho não veio por acaso nem o seu nascimento foi uma tragédia, mas sim uma obra planejada com esmero e cuidadosa e maravilhosamente montada antes da fundação da terra (Salmo 139:13–17; Efésios 1:3–12). Deficiência não é uma maldição, mas sim a bondade e a graça de Deus ampliadas de maneiras que uma família comum nunca tem a oportunidade de vivenciar. 2. Você veio a esta comunidade por uma razão. Demorou bastante para eu entender o propósito e o potencial no sofrimento e nas dificuldades da nossa família – até que comecei a compartilhar nossas experiências. A partir daí, 2 Coríntios :3–7 tomou vida. O sofrimento nos leva à intimidade de Deus, onde podemos receber o mais doce consolo. Mas não somos consolados para ficarmos confortáveis, mas para nos tornarmos consoladores. Cada episódio na experiência da nossa família com a condição de deficiência serviu para Deus nos equipar com Sua graça e a compartilharmos com aqueles que precisam desesperadamente do Seu consolo. 3. A deficiência amplia nossa visão para sentirmos alegria nas mínimas coisas. A maioria das famílias com um membro deficiente comprova que uma das suas maiores vitórias foram os momentos normais e tidos por garantidos em uma família típica. Lembro-me da primeira vez que nosso filho usou um banheiro público (aos 17 anos de idade). Tínhamos acabado de entrar no Walmart e Jake segurou minha mão e me levou ao banheiro masculino. Baixou as calças e tentou urinar no vaso sanitário – mas errou completamente o alvo. O assento, o chão e o box ficaram encharcados… mas pelo menos ele não fez pipi nas calças! Nós rimos, batemos palmas, gritamos vivas e louvamos a Deus dentro de um cubículo cheio de urina no banheiro de uma loja Walmart! A maioria das pessoas não poderia entender a imensidão da vitória que conquistamos aquele dia. Mas a deficiência geralmente nos dá uma visão 20/20, de modo que vemos o que outros não conseguem ver. É um dom maravilhoso! 4. Comunidade ajuda a dar a tão necessária perspectiva. Como mencionei antes, o perigo da deficiência é o isolamento. O perigo do isolamento é idolatria (sim, nossos filhos deficientes podem se tornar ídolos). A bênção da comunidade é a perspectiva. Todos nós precisamos de perspectiva para não entrarmos em autocomiseração e egocentrismo. Exatamente quando pensa que ninguém na terra poderia ter uma situação mais difícil do que a da sua família, encontra uma mãe solteira com gêmeos autistas. E exatamente quando uma mãe solteira acha que não consegue dar mais um passo, ela conhece uma avó que cria a neta de 10 anos com síndrome alcoolica fetal. A avó observa o jovem casal tentando alimentar uma criança sem reação por meio de sonda no intervalo de convulsões. Essas famílias estão aprendendo algo extremamente valioso entre si – a perspectiva nos faz olhar para fora. E na comunidade, a deficiência se torna um ministério. 5. Homens expansivos geralmente são a minoria. Apesar de nem sempre ser o caso, muitas vezes, quando se trata de liderança familiar, as mulheres parecem ser mais expansivas na defesa dos filhos deficientes. A tenacidade de uma mãe parece ser uma reação natural à deficiência da criança (Com a “mamãe ursa” não se mexe), mas quando a tenacidade vem da alienação ou decepção do pai, pode enfraquecer a estrutura familiar. Uma família com um membro deficiente precisa de um pai em quem se possa depender. Essa condição muitas vezes se cultiva e fortalece por meio do contato com outros homens na comunidade de deficientes. 6. Quando o casamento fica em segundo plano diante da deficiência, ele acaba ficando no último lugar. Muitas vezes já foi dito que “a melhor maneira de amar os seus filhos é amando o seu cônjuge”. Pouquíssimos casais admitiriam negligenciar o princípio contido nessa verdade, mas muitos o negligenciam na prática. Boas intenções sem aplicação assertiva vai corroendo o casamento. Cuidar constantemente de um filho deficiente, somado a todo o trabalho para cuidar dos outros filhos em casa, somado às horas extra para pagar tratamento médico e terapias, somado ao estresse, à depressão e ao cansaço, deixam pouco tempo para a manutenção da relação conjugal. Um casamento sem a devida manutenção é como um carro vazando óleo. Mais cedo ou mais tarde os cilindros deixam de funcionar, o motor funde e o dano é irreversível. Faça o que for preciso para incluir tempo de qualidade com o seu cônjuge. Homens, não esperem a sua esposa fazer contato, tomem a frente. Pode ser algo tão detalhado como planejar ir a um lugar para descanso e acrescentar uma noite para namorar toda semana, ou tão simples como sentarem-se juntos no sofá ao final do dia rindo (ou chorando) de tudo o que aconteceu naquele dia. Além da intimidade diária com o Senhor e a Sua Palavra, essa é a coisa mais importante que podem fazer para evitar que a sua família se torne parte de uma triste estatística. 7. Uma criança com um irmão deficiente é tudo menos uma criança típica. Quanto mais tempo passo com irmãos de deficientes, mais percebo que essas crianças não são nada típicas. Já observei, impressionado, irmãos se envolverem em situações difíceis, no mesmo nível de soldados que realizaram atos heroicos, bombeiros e policiais. Já vi adolescentes sem graça descobrirem um dom extraordinário e uma vocação como cuidadores cheios de compaixão. E muitas vezes, quando estava para sentir pena de um desses típicos irmãos de um deficiente, o Senhor me cutucou e deu uma leve bronca: “Preste atenção. Estou fazendo algo incrível na vida desta criança, e transformando-a na imagem e semelhança do Meu Filho”. Nenhuma escola, pública ou particular, consegue ensinar as lições de vida que se aprende na escola da deficiência. Posso dizer sem hesitação, que os meus filhos serão pessoas melhores por causa do seu relacionamento com um irmão deficiente. Viver com Jake não só os preparou para as piores situações, mas os equipou com uma profunda sensibilidade para reconhecer a mão de Deus agindo em suas vidas nos mínimos e mais sutis detalhes. O irmão deles tem sido um presente extraordinário para eles! As lições aqui mencionadas são tudo menos completas. Elas são contínuas e dinâmicas. A busca desesperadora e a revigorante descoberta de cada pérola de sabedoria fortalecem a nossa família e nos equipa a ministrar para outros. Se estiver lendo isto e for um membro novo da comunidade de deficientes, bem-vindo à família! É uma jornada gloriosa, maravilhosa, arrebatadora, que abrirá os seus olhos para as coisas mais preciosas na vida, e o aproximará cada vez mais da preciosa verdade por toda a eternidade. De http://sheepdogger.blogspot.com/2012/02/7-lessons-from-community-of-disability.html. |
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