Mario Sant’Ana, editor da revista Contato
Escrever é minha paixão e ao que me dedico boa parte dos meus dias. Foi meu pai quem, sem saber, incutiu em mim o gosto pelas letras. Sua educação formal foi curtíssima. Não concluiu o primário na infância e somente depois de casado conseguiu terminar o equivalente ao atual Ensino Médio, por meio de cursos alternativos que lhe permitiram fazer em dois anos o que tipicamente demorava sete. Contudo, ele adorava escrever e foi quando ouvi o poema “Quero Samba”, de sua autoria, declamado na Academia Carioca de Letras, que decidi que queria aprender a arte de escrever. Meu velho sempre deu preferências às estruturas canônicas de poesia, enquanto sempre pendi para a prosa e para os versos livres. Implacável na correção de meus textos, ele me ensinou gramática, estilo e, o que é o mais importante, que minhas palavras fossem dotadas de conteúdo e valor, principalmente as escritas, pois, explicava-me, “o que está escrito, escrito está”. Sem dúvida, a educação que deu aos filhos, foi sua maior e mais importante poesia. E hoje, em grande parte graças ao meu pai, faço o que amo fazer, como parte de uma equipe que produz e traduz publicações com mensagens nas quais acredito, inspiradas por um Deus que aprendi a amar. Como vê, a minha história e a de meu pai se misturam. Para mim, são inseparáveis, como Deus deseja que sejam. Os bons pais ajudam a transformar meninos em homens de bem. São dádivas especiais e a paternidade é nada menos que uma vocação divina.
Photo: Pat Belanger via Flickr, used under Creative Commons license
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![]() Bil Keane Nos quase 30 anos que desenhei os cartuns “The Family Circus”, aprendi muito sobre amor. Encontrei isso dentro da minha própria família, e muitas vezes o que observei serviu de base para um cartum com Billy, Dolly, Jeffy ou PJ. Mas eu não escondo o fato de que em se tratando de amor, a minha maior inspiração e modelo para o personagem “Mamãe” foi a minha própria esposa, Thel. Tivemos cinco filhos (e agora quatro netos), e quando eles eram pequenos, as pessoas muitas vezes perguntavam como Thel conseguia cuidar de tantas crianças. Muitas vezes nem eu mesmo entendia. Quer ela estivesse cuidando de um joelhinho machucado, assistindo a um teatrinho na escola ou ajudando uma das crianças a fazer o dever de casa na mesa da cozinha, Thel estava sempre disposta a nos ajudar. E parecia que quanto mais ela fazia por nós, mais ela tinha para nos dar. Foi assim que cheguei a um dos paradoxos das leis de amor de Deus. O amor verdadeiro não é limitado, não se conta em quantidades finitas. Ele não chega ao ponto em que de tanto dar ele acaba. Pelo contrário, desafiando a física, quanto mais amor você dá, mais consegue dar. Assim como o entusiasmo fomenta o entusiasmo, a amabilidade gera a amabilidade e a alegria inevitavelmente contagia, também o amor aumenta quando é doado. Tentei transmitir tudo isso nos meus cartuns. Ali está a mamãe, com uma sacola cheia de compras em uma mão, a bolsa na outra e Billy, Dolly, Jeffy e PJ segurando a barra da saia dela. A senhora do lado esquerdo pergunta: “Como você consegue dividir o seu amor entre quatro crianças?” E a mãe dá uma resposta para fazer pensar: - Eu não o divido. Eu o multiplico. ***** A Essência do Amor Todas as melhores coisas da vida vêm num embrulho de risco. Você desamarra o laço e assume o risco, como também a alegria. Paternidade/maternidade é assim. Casamento é assim. Amizade é assim. Para experimentar a vida ao máximo, você se expõe a um poço sem fundo de vulnerabilidade. Essa é a essência do amor verdadeiro. — Kristin Armstrong ![]() Recebi uma carta de um adulto contando sobre a sua vida. Fora um delinqüente juvenil na pré-adolescência e adolescência, mas uma mudança dramática ocorreu quando seu pai começou a passar mais tempo com ele. Estes são trechos do que me escreveu: “Dos oito aos quatorze anos, eu fui um terror. Meu pai saía para trabalhar às três da tarde e voltava às três da manhã. Ele estava dormindo quando eu acordava e, ao voltar da escola, ele já havia saído para trabalhar. Raramente o via, exceto por alguns minutos nos fins-de-semana. Arrumei muita confusão. Roubava tudo que precisava ou queria, inclusive cigarros, doces, comida e dinheiro. Eu era incorrigível e ia muito mal nos estudos. Aos quatorze anos fui preso por furto e enviado para um reformatório juvenil. A primeira reação de meu pai foi ficar zangado comigo, mas concluiu que ele em parte era culpado por ter sido um pai ausente. Depois de reavaliar sua vida, decidiu me ajudar. Para que pudesse passar tempo comigo todos os dias, saiu daquele emprego e passou a trabalhar de dia, ainda que com isso ganhasse menos. A partir de então, ao voltar da escola, sempre encontrava o meu pai em casa, interessado em saber como tinham sido as aulas e em me ajudar com o dever de casa. Associamo-nos a um clube de homens e rapazes. Em vez de irmos a botequins, freqüentávamos juntos o centro de lazer onde jogávamos juntos bilhar, handebol e basquete (atividades das quais eu gostava). Ele comprou para mim um título que me permitia acesso por uma temporada ao clube de golfe e me levava para jogar três ou quatro vezes por semana. Estávamos juntos o tempo todo. Ao me mostrar amor e compreensão, meu pai mudou a minha vida. Minhas notas melhoraram a ponto de eu ser incluído no quadro de honra da escola. Fiz amizade com pessoas estudiosas e parei de arrumar encrencas. Antes, ainda que exteriormente aparentasse ser durão, por dentro ansiava por afeto, atenção e camaradagem. O amor de meu pai, traduzido no tempo que passava comigo, foi o catalisador para as mudanças que eu tanto precisava”. Todas as crianças precisam do pai ou de alguém que faça o papel do pai, ou seja, alguém que elas saibam que as admira, que tem fé nelas, que gosta de sua companhia e queira ficar com elas. Todos precisamos de alguém que partilhe as nossas dores, ore por nós nas horas de decepção, segure nossa mão quando nos falta a esperança e comemore conosco a realização dos nossos sonhos. Os seus filhos estão recebendo esse tipo de amor? Muitas vezes assistimos na TV histórias de pessoas comuns, como professores, pastores, policiais, etc, que ajudaram a promover mudanças admiráveis na vida de jovens, até mesmo os piores delinqüentes, porque lhes doaram o seu tempo. Um caso desses foi o de uma mulher que abrira um lar para crianças de rua, prostitutas, membros de gangues, etc. — pessoas marginalizadas. Ao ser entrevistada, ela declarou: “As crianças a quem atendo são as mais rejeitadas. São os refugos produzidos por esta nação”. Quando o entrevistador perguntou a alguns dos jovens o que faziam antes de irem para aquele lar, recebeu respostas como: “Eu tomava drogas”; “Eu participava de guerra de gangues”; ”Eu era gigolô”; “Eu atirava nas pessoas só para me divertir.” Essa senhora comentou sobre esses menores: “Eles perderam toda a esperança e a confiança nos adultos, que estão ocupados demais. Eles não ouvem. Ninguém mais tem tempo para as crianças.” Quando lhe foi perguntado o que as crianças precisavam, respondeu: “Estas aqui? É uma fórmula simples. Sabe o que essa garotada precisa de verdade? Amor de mãe. Elas querem um modelo para seguirem. Buscam pessoas que sejam sinceras, que as discipline, que lhes ensine responsabilidade e que nossos atos geram conseqüências. Querem alguém que os pegue e os abrace, que não desista deles. Se você lhes ensinar a desistir facilmente, eles desistirão.” Um dos meninos mais velhos abraçou aquela senhora e disse: “Ele é a minha mãe. Não de sangue, mas, num certo sentido, a minha verdadeira mãe, porque cuida de mim.” Quando perguntaram aos meninos que mudanças haviam ocorrido em suas vidas depois de conhecerem aquela senhora, o garoto que parecia ser o pior de todos, o que atirava nas pessoas “só para se divertir”, disse: “Olhe dentro de nós! Temos esperança! Temos sonhos! Nós também queremos fazer a diferença! Agora, eu quero fazer faculdade.” A mensagem final dessa mulher para os pais foi: “Amem os seus filhos. Não desistam deles. Amem-nos mesmo que doa. Amor é amar incondicionalmente, mesmo que doa!” É fácil deixar passar despercebido o poder de um indivíduo. Temos a tendência de depender demais da sociedade como um todo e de suas instituições, governo, escolas, etc., a ponto de não sentirmos a necessidade de assumirmos responsabilidade pelas crianças, tanto as nossas como aquelas que cruzam o nosso caminho e que talvez precisem de nós. Você poderia ser um representante do amor de Jesus por uma criança, fazendo parte do plano de Deus para amar e cuidar daquela jovem vida. O seu amor, interesse e amizade podem fazer toda a diferença do mundo! Escrito por Maria David e publicado originalmente na revista Contato. Usado com permissão. Quando conheci e me apaixonei pela jovem viúva que hoje é minha noiva, achei que era o homem mais abençoado do mundo! Além de encontrar a mulher dos meus sonhos, eu estava ganhando, de quebra, três crianças maravilhosas —uma família já pronta. Hoje penso que deveria ter sido mais realista, porque conquistar o amor e o respeito das crianças não tem sido uma tarefa tão fácil como imaginei. Vocês têm algum conselho para este pai desorientado?
Amigo, você não é o único. A estrada do novo casamento para alguém com filhos nem sempre é suave. É preciso tempo e muito amor para se tornar uma família unida. É comum que as crianças mais velhas, em especial, resistam ao novo marido ou esposa, pois acham que ninguém jamais poderia substituir seu pai ou mãe com quem não estão vivendo. As mais novas costumam não gostar da idéia de dividir a atenção e o afeto que antes eram só delas com a pessoa recém-chegada. Muitos padrastos e madrastas cometem o erro de acharem que é uma questão pessoal e, por isso, cedem à frustração, ao desânimo e recuam. Lute para superar esse tipo de sentimento. Muito depende da idade e da maturidade das crianças, mas incluímos aqui algumas coisas que funcionaram bem com outras pessoas: Comunique-se. A comunicação sincera e franca é o primeiro passo. Se apenas uma ou duas crianças não estiverem felizes com a nova união, é provável que o melhor seja discutir os problemas e possíveis soluções com elas individualmente. É um bom momento para seguir o conselho bíblico que ensina que todo homem deve ser “pronto para ouvir, tardio para falar” (Tiago 1:19). Então, depois de a criança conseguir traduzir em palavras seus sentimentos e se estabelecer um ambiente de confiança, pode ser interessante promover uma reunião de família informal durante um lanche ou uma refeição especial, quando cada um poderá explicar como se sente em relação à nova família e que mudanças e melhoras gostaria de ver. Dedique tempo. Esse é o melhor investimento que poderá fazer na sua nova família e um dos melhores pontos de partida é pôr em prática as sugestões de “mudanças e melhorias” oferecidas, se forem razoáveis e viáveis. Ore. As crianças precisam de tempo para se ajustarem e superarem algumas atitudes negativas. Peça ao Senhor para compreensão e amor profundo e genuíno uns pelos outros. Peça também que os ajude a efetuar quaisquer mudanças que sejam necessárias à felicidade e bem-estar dos outros. Tomada da revista Contato. Usado com permissão. |
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