Recebi uma carta de um adulto contando sobre a sua vida. Fora um delinqüente juvenil na pré-adolescência e adolescência, mas uma mudança dramática ocorreu quando seu pai começou a passar mais tempo com ele. Estes são trechos do que me escreveu: “Dos oito aos quatorze anos, eu fui um terror. Meu pai saía para trabalhar às três da tarde e voltava às três da manhã. Ele estava dormindo quando eu acordava e, ao voltar da escola, ele já havia saído para trabalhar. Raramente o via, exceto por alguns minutos nos fins-de-semana. Arrumei muita confusão. Roubava tudo que precisava ou queria, inclusive cigarros, doces, comida e dinheiro. Eu era incorrigível e ia muito mal nos estudos. Aos quatorze anos fui preso por furto e enviado para um reformatório juvenil. A primeira reação de meu pai foi ficar zangado comigo, mas concluiu que ele em parte era culpado por ter sido um pai ausente. Depois de reavaliar sua vida, decidiu me ajudar. Para que pudesse passar tempo comigo todos os dias, saiu daquele emprego e passou a trabalhar de dia, ainda que com isso ganhasse menos. A partir de então, ao voltar da escola, sempre encontrava o meu pai em casa, interessado em saber como tinham sido as aulas e em me ajudar com o dever de casa. Associamo-nos a um clube de homens e rapazes. Em vez de irmos a botequins, freqüentávamos juntos o centro de lazer onde jogávamos juntos bilhar, handebol e basquete (atividades das quais eu gostava). Ele comprou para mim um título que me permitia acesso por uma temporada ao clube de golfe e me levava para jogar três ou quatro vezes por semana. Estávamos juntos o tempo todo. Ao me mostrar amor e compreensão, meu pai mudou a minha vida. Minhas notas melhoraram a ponto de eu ser incluído no quadro de honra da escola. Fiz amizade com pessoas estudiosas e parei de arrumar encrencas. Antes, ainda que exteriormente aparentasse ser durão, por dentro ansiava por afeto, atenção e camaradagem. O amor de meu pai, traduzido no tempo que passava comigo, foi o catalisador para as mudanças que eu tanto precisava”. Todas as crianças precisam do pai ou de alguém que faça o papel do pai, ou seja, alguém que elas saibam que as admira, que tem fé nelas, que gosta de sua companhia e queira ficar com elas. Todos precisamos de alguém que partilhe as nossas dores, ore por nós nas horas de decepção, segure nossa mão quando nos falta a esperança e comemore conosco a realização dos nossos sonhos. Os seus filhos estão recebendo esse tipo de amor? Muitas vezes assistimos na TV histórias de pessoas comuns, como professores, pastores, policiais, etc, que ajudaram a promover mudanças admiráveis na vida de jovens, até mesmo os piores delinqüentes, porque lhes doaram o seu tempo. Um caso desses foi o de uma mulher que abrira um lar para crianças de rua, prostitutas, membros de gangues, etc. — pessoas marginalizadas. Ao ser entrevistada, ela declarou: “As crianças a quem atendo são as mais rejeitadas. São os refugos produzidos por esta nação”. Quando o entrevistador perguntou a alguns dos jovens o que faziam antes de irem para aquele lar, recebeu respostas como: “Eu tomava drogas”; “Eu participava de guerra de gangues”; ”Eu era gigolô”; “Eu atirava nas pessoas só para me divertir.” Essa senhora comentou sobre esses menores: “Eles perderam toda a esperança e a confiança nos adultos, que estão ocupados demais. Eles não ouvem. Ninguém mais tem tempo para as crianças.” Quando lhe foi perguntado o que as crianças precisavam, respondeu: “Estas aqui? É uma fórmula simples. Sabe o que essa garotada precisa de verdade? Amor de mãe. Elas querem um modelo para seguirem. Buscam pessoas que sejam sinceras, que as discipline, que lhes ensine responsabilidade e que nossos atos geram conseqüências. Querem alguém que os pegue e os abrace, que não desista deles. Se você lhes ensinar a desistir facilmente, eles desistirão.” Um dos meninos mais velhos abraçou aquela senhora e disse: “Ele é a minha mãe. Não de sangue, mas, num certo sentido, a minha verdadeira mãe, porque cuida de mim.” Quando perguntaram aos meninos que mudanças haviam ocorrido em suas vidas depois de conhecerem aquela senhora, o garoto que parecia ser o pior de todos, o que atirava nas pessoas “só para se divertir”, disse: “Olhe dentro de nós! Temos esperança! Temos sonhos! Nós também queremos fazer a diferença! Agora, eu quero fazer faculdade.” A mensagem final dessa mulher para os pais foi: “Amem os seus filhos. Não desistam deles. Amem-nos mesmo que doa. Amor é amar incondicionalmente, mesmo que doa!” É fácil deixar passar despercebido o poder de um indivíduo. Temos a tendência de depender demais da sociedade como um todo e de suas instituições, governo, escolas, etc., a ponto de não sentirmos a necessidade de assumirmos responsabilidade pelas crianças, tanto as nossas como aquelas que cruzam o nosso caminho e que talvez precisem de nós. Você poderia ser um representante do amor de Jesus por uma criança, fazendo parte do plano de Deus para amar e cuidar daquela jovem vida. O seu amor, interesse e amizade podem fazer toda a diferença do mundo! Escrito por Maria David e publicado originalmente na revista Contato. Usado com permissão.
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