Carolyn Kitch, Reader’s Digest
Quando a criança ainda têm menos de 11 anos de idade, tende a contar aos pais tudo o que se passa pela sua cabeça. Na verdade, diz Michael Riera, autor de Senso a mais para pais de adolescentes, os pais são os primeiros na lista dos filhos. “Mas isso muda completamente na adolescência”, explica Riera. “Eles conversam com amigos primeiro, depois talvez seus professores ou conselheiros e, por último, com seus pais.” Os pais que sabem o que se passa na vida de seus filhos são os que mais podem ajudá-los. Num estudo de três anos com mais de 20 mil adolescentes, Laurence Steinberg, professor de Psicologia na Universidade Temple, na Filadélfia, e autor de Você e seu adolescente, descobriu que existia menos probabilidade de terem dificuldades com o dever de casa ou de se envolverem com drogas ou bebidas alcoólicas os adolescentes que compartilhavam detalhes da sua vida cotidiana com os pais. Seguem-se sete passos para pais que querem quebrar o muro do silêncio: 1. Crie um ambiente propício à comunicação. “Não é natural os adolescentes quererem sentar para conversar”, disse o Dr. Candace Erickson, pediatra especializado em comportamento e desenvolvimento, no Centro Médico Columbia-Presbyterian, na cidade de Nova Iorque. “Você tem que fazer com que pareça natural.” Uma das melhores maneiras de conseguir isso é reservando regularmente um tempo para passar com seu adolescente. Nancy Pistorius, de Lawrence, Kansas, diz que isso faz a diferença no seu relacionamento com a filha Alyssa, de 13 anos. “Às vezes nós duas vamos almoçar fora ou vamos ao cinema.” O jantar é uma oportunidade importante — embora muitas vezes ignorada — para se passar tempo em família. Segundo o instituto Families and Work (famílias e trabalho), uma organização de pesquisa sem fins lucrativos, quase um de cada cinco adolescente raramente ou nunca janta com os pais. “Parece simples demais, mas de acordo com os milhares de jovens com quem trabalhei nos últimos 26 anos, realmente faz uma diferença”, diz Nancy Rubin, professora em Marin, na Califórnia, e autora de Ask Me If I Care: Voices from an American High School (Pergunte se eu me importo: vozes de uma escola secundária americana). “Só o fato dos pais se interessarem pelo que dizem cada noite no jantar já os faz sentir que são respeitados.” 2. Aprenda a arte da conversa paralela. As melhores discussões com adolescentes tendem a ocorrer quando estão tendo o que Ron Taffel, psicoterapeuta em Nova Iorque e autor de Parenting by the Heart, chama de “conversa paralela”. É quando estão fazendo algo juntos, lado a lado, e você enfatiza mais a atividade do que o que está dizendo, e não se olham diretamente nos olhos. Esse tipo de ambiente sem confronto mantém os pais, bem como os jovens, à vontade. “Acontece principalmente com o pai”, diz o psicólogo Philip Osborne, autor de Parenting for the ’90s (Criar filhos na década de 90). “A maioria dos pais evita o que consideram um ‘conflito’, embora raramente estejam cientes disso.” 3. Seja um consultor, não um gerente. “Adolescentes recuam quando seus pais lhes dão conselhos, até bons conselhos”, diz o autor Riera. “Eles não precisam de um gerente, mas sim de um consultor. Pense no que um consultor faz: em vez de entrar com tudo e sugerir uma mudança, escuta cuidadosamente e o ajuda a ver as diferentes opções.” É muito importante não se apressar a dar conselhos quando o seu adolescente cometeu um erro. “Ele não quer saber o quanto errou, muito menos como sair de uma enrascada”, diz Elizabeth Ellis, psicóloga de Atlanta e autora de Raising a Responsible Child. “Você precisa ajudá-lo a entender avaliar a situação. Muitas vezes, ficará impressionado com as saídas que o seu adolescente encontrará.” 4. Mostrem uma frente unida. Toda a criança provavelmente já tentou usar um pai contra o outro em alguma ocasião, usando a conhecida: “Mas o papai disse que eu podia ir!” Adolescentes, porém, são ainda mais propensos a tentar isso caso vejam os pais discutindo sobre seja o que for. “A regra simples é a seguinte: não discutam na frente das crianças”, diz Thomas Phelan, psicólogo clínico em Glen Ellyn, Illinois, e autor de Surviving Your Adolescents (Como sobreviver aos seus adolescentes). É claro que falar é uma coisa, mas fazer é que são elas. Às vezes eles ouvem uma briga. “Se ouvirem”, aconselha Phelan, “certifiquem-se de resolver a briga na frente deles, indicando assim que a crise terminou e vocês se apóiam”. 5. Dê privacidade aos seus filhos. “Os adolescentes precisam sentir que seus pais não controlam completamente suas vidas”, diz Rubin. “O quarto deles é particularmente importante.” 6. Escreva. Vários peritos aconselham os pais a escreverem o que não conseguem dizer pessoalmente aos seus adolescentes, ou o que os jovens se recusam a ouvir. “Quando você escreve algo, tem mais peso”, diz Michael Popkin, terapeuta familiar cujo programa “Ser ativo com seus adolescentes” é usado por escolas e grupos de pais. “As pessoas acreditam que algo é mais ‘verdadeiro’ se puderem ler aquilo repetidamente.” 7. Aceite o que receber. “Quando você não recebe muita informação — que é o caso na adolescência — deveria tratar qualquer coisa que o seu filho compartilhar com você como um presente”, diz o autor Riera. Adele Faber se lembra de um incidente com a sua filha, agora já adulta. “Um dia, quando Joana tinha 16 anos, ela voltou para casa super chateada. Estava chorando mas não dizia por quê. Simplesmente me sentei com ela no sofá e a abracei. Depois de um tempo ela parou de chorar, me olhou e disse: ‘Obrigada, mãe’, e foi para o quarto dela.” Adele nunca descobriu qual era o problema. “Percebi que, naquele dia, ela não precisava de perguntas mas sim de consolo, e permitira que eu a ajudasse desta maneira.” Anos depois, quando as duas conversavam sobre o incidente, Joana nem se lembrava do que a chateara naquele dia. “Mas se lembrava que eu estava ao lado dela”, disse Faber. E, para a sua filha, foi o que mais importou.
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